sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Vale-Cultura

Tramita na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 221/09 que "institui o Programa de Cultura do Trabalhador e cria o vale-cultura".

Em outras palavras, nasce mais um irmão do bolsa família, mas agora com DNA de Prouni.

O funcionamento do vale-cultura, segundo o Blog governamental do projeto, será semelhante a um ticket alimentação. "Um cartão magnético que poderá ser usado no consumo de produtos culturais como cinema, teatro, shows, exposições, livros, CDs, DVDs e outros."

Trabalhadores que ganham até cinco salários mínimos (hoje R$2.550,00) receberão R$50 reais mensais "de crédito" neste cartão.

O projeto alquímico do governo promete alimentar uma multidão com cinco pães e dois peixinhos. O grande problema é que, neste piquenique, o trabalhador só se alegra com as migalhas.

Entretanto, a alquimia é regida por uma lei universal: A lei da troca equivalente (em japonês: 等価交換 Tōka Kōkan).

"Nada pode ser obtido sem uma espécie de sacrifício. É preciso oferecer em troca algo de valor equivalente."

O problema é que o governo, que de alquimia parece entender quase nada, oferece um sacrifício maior do que o benefício. A previsão do Ministério da Cultura é de que a iniciativa injete R$7,2 bi por ano na "indústria cultural".

Tudo isso em troca de “beneficiar” cerca de 12 milhões de brasileiros (aproximadamente 6% da população).

Mais uma das várias quimeras do governo Lula!

Ao invés de investir-se em um sistema de educação público, gratuito e de qualidade para todos e em todos os níveis, o governo cria o PROUNI: Dinheiro público, que deveria ser investido no que é público, indo direto para o bolso os donos de instituições privadas de ensino para impedir que as salas de aula das universidades particulares fechem diante do grande problema da permanência na educação.

Ao invés de erradicar a discrepante desigualdade social do país com políticas públicas que realmente atendam a ampla maioria da juventude e dos trabalhadores, o governo, com a desculpa esfarrapada de reparar erros históricos, cria o sistema de Cotas Raciais:
Medida Racista que nem de longe tem o intuito de criar mais vagas nas universidades, pois só divide as já existentes através das ditas cotas, e tenta mascarar a divisão social de classes classificando a capacidade das pessoas pela cor da pele.

Ao invés de criarem-se vagas para todos em instituições públicas de ensino, o governo, através do BNDS (a mãezona dos empresários), “emprestou” (leia-se: deu!) R$ 1 bilhão para socorrer as faculdades privadas da crise (leia-se: garantir a margem de lucro dos seus proprietários), com juros e prazos de pagamentos menores do que os praticados no mercado.

Agora, ao invés de investir-se em cultura juntamente com educação financiadas e geridas pelo Estado, o governo pretende tirar mais dinheiro público pra jogar nos cofres da iniciativa privada.

Cinema, teatro, shows, exposições, livros, CDs, DVDs e outros”[...] “produtos culturais”. Quem achar entidades públicas que disponibilizem estes “produtos”, ganha um fusquinha!

Um exemplo de um artigo que li sobre este mesmo assunto: “80% do mercado fonográfico do mundo encontra-se concentrado em quatro gigantes do setor: Vivendi-Universal, EMI, Warner e Sony-BMG. Todas possuem investimentos nas áreas de cinema, canais e programas de TV e produção de DVDs, entre outros bens culturais.

Quem mesmo é que ganha com essa história?

Tudo isso é resultado da política de coalizão que vem sendo empregada neste governo, que deve voltar para as mãos dos trabalhadores.

Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro ou se dedicará a um e desprezará o outro.” (Mateus 6:24)

Dois neurônios: um em férias e o outro em operação tartaruga depois do almoço. Isso já basta pra ter pleno acordo, neste caso, com as Sagradas Escrituras.

Enquanto quiserem governar junto aos membros da direita fascista do país, que outrora compunham a ditadura e agora posam de democratas; junto aos grandes empresários exploradores e latifundiários responsáveis pelos massacres não divulgados dos militantes do MST; junto aos tubarões do ensino, os mais beneficiados com a situação precária da educação pública no país, não há que se falar em um país de todos.

No máximo, vai dar de criar esses programas bolsa-furada, que tem uma boca muito pequena comparada aos buracos no fundilho que deixam escapar rios de dinheiro para os bolsos da iniciativa privada.

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