quarta-feira, 8 de julho de 2009

Resposta ao comentário do leitor Charles sobre o texto da "Marcha para Jesus"

Meu caro amigo:
Tudo tem um objetivo político, embora muitas vezes seja um pouco difícil de diagnosticá-lo.

Se você tem atitudes "à esquerda" ou "à direita", claramente deixa transparecer a ação política.
Na verdade, a pior forma de se identificar uma ação política é pela inércia ou pelo vulgo "centro".
As pessoas acham, na maioria das vezes, que ficar em cima do muro significa imparcialidade. Ledo engano.

Estar neutro à situação só ajuda quem tira vantagem dela, pois não apresenta perspectiva de mudança. Não sei se fui claro.

De fato, acredito que a maioria dos cristãos se preocupe com os problemas da cidade até porque, como mencionei, grande parte deles sofre com estes problemas.

Sobre o propósito espiritual do evento, deveríamos fazer uma discussão bíblica sobre a legitimidade do ato, entretanto não acredito que isto afastaria nosso problema político em questão.

Eu já fui cristão (congreguei na igreja Assembléia de Deus por muito tempo).
Hoje sou ateu – convicto!
Contudo, quero que isso fique bem claro, não tenho o intuito de desrespeitar qualquer um pela crença até porque conheço os motivos que levam uma pessoa a acreditar em Deus e, compreendendo-os, creio que não sejam passíveis de escárnio.

Até onde conheço a história, que não é a contada pela igreja, Jesus foi sim um líder político-revolucionário, o que acarretou a sua morte.
Sobre o propósito da “vinda” de Jesus ao mundo, parte do entendimento de cada um: científico ou espiritual.

Peço desculpas, porém não há que se esperar sensibilidade “espiritual” de alguém que só acredita na ciência.
Por isso não creio que esta marcha tenha sido somente “um grande ato de amor pela cidade”, muito embora talvez tenha sido o pensamento de ampla maioria dos fiéis e o motivo da sua ida até o evento.

Critico a instituição chamada igreja e não a religião ou a crença em si. Louváveis foram as atitudes dos primeiros cristãos, antes da criação da igreja, levando em consideração as condições históricas que não os permitiam maior avanço.

A ação da igreja, criada pelas classes dominantes, foi justamente sufocar tais atitudes e desvirtuar esta parte “nociva” da doutrina cristã original. Algo a se pensar é a forma com que as igrejas se perpetuaram ao longo dos anos, indiferentemente dos sistemas econômicos vigentes em cada período da história. Uma leitura aconselhável e muito fraterna é o livro “O Socialismo e as Igrejas” (Rosa de Luxemburgo). Tal publicação mostra detalhadamente, e de maneira clara, o papel da Igreja na história do cristianismo sem, em nenhum momento, atacar a religião.

Como já dito, problemas essenciais como o aumento da tarifa de ônibus, a falta de acesso à educação pública, o descaso dos governos com a saúde pública (etc), não são levados em consideração pela direção da igreja.

As ações assistencialistas, como a doação de sangue e a arrecadação de alimentos e roupas (sem total desmerecimento), nem de longe resolvem os problemas reais da população da cidade.

Minha dúvida é por que a igreja (e aqui quando falo da igreja, cito o seu “clero”) nem dá ciência disso aos fiéis? Por que a igreja, além dos seus “grandes atos de amor pela cidade”, nunca organizou uma única luta sequer para a melhoria das condições de vida dos seus congregados?
Penso que é tardia a hora de profícua reflexão.


Grande abraço!

P.S.: Já acompanhava o Blog da marcha. Outra coisa: Continue acompanhando o meu blog. É pouco freqüentado, mas é “legalzão”. Hahaha

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