Meditações Carvalhianas
Considero ter aprendido bastante coisa nessa vida. Muito mais, inclusive, do que bastante gente que já viveu mais do que eu.
Uma destas coisas foi que o convencimento sem argumentos, feito à força, não chega a ser um convencimento de fato, por mais que o indivíduo se sinta "realmente" convencido.
A lógica parece um tanto quanto contraditória, porém se baseia na premissa de que o convencido talvez só se sinta convencido por desconhecer outros meios de convencimento que senão os que o são postos pelo senso comum.
Um dia desses (não! não foi "num desses encontros casuais"), navegando infrutiferamente pela web (não! também não é pleonasmo), acabei dando de cara com um blog sobre “filosofia ateísta”.
Pra falar bem a verdade, nem me prendi ao texto do blogueiro (aliás, não lembro de tê-lo lido), o que me levou diretamente aos comentários sobre o texto.
Grande parte acreditava em Deus, e descia a lenha nos ateus. Logicamente, alguns ateus revoltados retribuíam as lambadas e assim configurou-se a bandalheira.
Alguns crentes chegavam a chamar ateísmo de doença, oferecendo-nos "a cura".
Meu primeiro comentário (também no nível do furdunço) foi: "Cala a boca Alex!"
"Alex" foi um cidadãozinho que escreveu um comentário escroto e totalmente sem fundamento que me limito a não reproduzir aqui.
E "Eu" fui um cidadãozinho que respondeu o comentário do cidadãozinho Alex de maneira tão efetivamente pedagógica quanto radar de trânsito.
A grande verdade é que estava com preguiça de fazer um texto a respeito do assunto no momento. Como sou da opinião de que política, futebol e religião é que se discute, em outra ocasião, resolvi voltar ao blog e fazer um comentário um pouco mais explicativo e menos agressivo que o primeiro.
Quanto a agressividade, é sempre muito difícil executar tal tarefa com maestria.
Anyway, segue o texto na íntegra:
"Meus Caros Cristãos.
Sei que não são muito dados à observações científicas (exceto quando o seu Deus onipotente, onisciente e onipresente não consegue fazer o trabalho de um simples médico, por exemplo), no entanto gostaria de fazer algumas reflexões.
"Inexistências não são objetos epistêmicos válidos." (Gosto dessa frase! Se quiserem saber o que é epistemologia, procurem no Google. É divino!)
Trocando em miúdos o que se deve provar é a existência das coisas, e não sua inexistência.
A principal tarefa de justificar a possibilidade (da existência) de um Deus não está sob a responsabilidade dos ateus e sim dos crentes (e aqui os cito em sentido lato senso).
Digo-lhes: Só existe um impasse sobre a existência de Deus porque os cristãos não conseguem provar sua existência, ou a “provam” de maneira insuficiente.
Você cristão entra na casa de uma pessoa e essa pessoa lhe processa por furto, por exemplo. A quem cabe o ônus da prova?
Você deve provar que não furtou nada ou a pessoa?
O ônus da prova cabe a quem alega a existência do fato! Você não precisa provar nada! Mesmo que tenha realmente furtado algo na casa!
Logicamente um exemplo simplista, porém de fácil compreensão.
É assim que o mundo funciona. Inclusive de maneira lógica!
Dois neurônios seriam necessários pra chegar a este raciocínio. (Um e meio, na verdade)
E quem alega a existência de Deus se não seus próprios "súditos"?
Perdoem-me, vocês fiéis, mas provem vocês a existência de um Deus!
Sem provas, sem Deus. No proves, no God. (gostei disso!)
É triste, mas real.
Sei que sem um Deus (muitos de vocês) ficarão perdidos e sem saber o que fazer da vida, mas prefiro encarar um mundo real e cruel na perspectiva de mudá-lo do que arranjar um amigo imaginário com super-poderes, que sabe de tudo, vê tudo e está em todo lugar.
Um amigo cuja prerrogativa cabe somente a ele, de me julgar e me perdoar, não importa a merda que eu faça.
Matar, roubar, explorar, traficar, destruir vidas alheias, não dar a mínima para o(s) próximo(s), importar-se somente com a própria "salvação"; nada disso é empecilho para o Todo-Poderoso. É só pedir perdão!
[...]
É meus caros, refletir de vez em quando, não faz mal a ninguém."
4 comentários:
O futuro, Ti... O futuro.
Um índio simpático.
Simpatissíssimo!
http://evrandos.blogspot.com/2009/10/deus.html
Great text! :D
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