sábado, 16 de janeiro de 2010

A "nossa" moral...

Falemos agora da nossa moral. É... nossa moral que não é bem nossa - é deles!

Deles quem? Bom, dos burgueses (os grandes patrões). Dos membros da classe diametralmente oposta ao proletariado (operariado moderno).

São eles que representam o topo da ''cadeia alimentar'' capitalista.

Embora seja essa uma classe muito pequena, se comparada a imensidão do proletariado, é a detentora dos grandes meios de produção. É ela que desfruta de todas as benécies do sistema. É ela que explora o trabalho da grande maioria do povo, dos que conseguem emprego, para a obtenção do lucro.

E pra esses caras, as coisas (mesmo com a crise) vão muito bem e seria interessante que tudo continuasse do jeito que está, senão melhor.

Tirar o seu sustento, e na realidade muito mais do que isso, sem ter de trabalhar é um privilégio de poucos. Ou melhor (chamemos de ''trabalho'' o que alguns deles dizem fazer): ter um trabalho que tira o seu grande sustento de uma grande parcela do trabalho onde outros tiram seu (real) sustento, também não é pra qualquer um! Muitos podem ser os explorados, mas poucos os exploradores. Uns querem explorar, outros só não querem ser explorados. E por aí vai...

Ponha-se agora no lugar desses sanguessugas. Ignore o resto do mundo. Ignore a fome, a miséria, a guerra. Pense somente na sua vida e de seu pequeno e minúsculo grupo familiar. Feche-se numa concha. Posicione toda a órbita dos planetas existentes no universo ao redor do seu umbigo. Ignore o fato do sistema capitalista estar carregado de contradições e de que o único fim que o mesmo apresenta pra humanidade é a barbárie. Ignore o fato de que existem pessoas como você, que nem pediram pra vir ao mundo, mas que tem de penar um bocado pra por aqui ficar um pouquinho. Ignore o quão injusto é uma mãe ter de perder um(a) filho(a) para o crime, a prostituição ou mesmo o tráfico de drogas por que o(a) menino(a) não tinha livre-arbítrio suficiente pra largar as más-influências da periferia e virar um(a) médico(a), um(a) engenheiro(a) ou talvez até um(a) advogado(a). Ignore o quão cansativo é trabalhar oito, nove, dez, onze, doze horas por dia pra ganhar um salário que mal dá pra sobreviver. Ignore o fato de que seu salário é pago, muito provavelmente, nas primeiras horas de trabalho do mês (senão na primeira) com o que você produz e que o resto do mês seu trabalho serve só pra garantir a boa vida do patrão.
Conceitos como humanidade, coletividade, consciência, justiça? Esqueça todos! Seja um ignorante individualista. Torne-se um filho da puta de primeira. Torne-se um ser desprezível.
Mesmo assim, você não poderá ser um burguês. Falta-lhe algo: a propriedade!

É essa propriedade que passa de mãos em mãos, mais precisamente de pai pra filho, que você nunca terá e que eles (os burgueses) farão de tudo pra que você nunca tenha.

A burguesia vai fazer de tudo o que puder pra manter as coisas como estão. Até matar! Oh, como isso é irrelevante pra esta classe. Aliás, a morte se assemelha a uma dádiva se comparada com a vida do trabalhador.

A burguesia tem a propriedade, a pedra filosofal da sociedade capitalista. A burguesia detém o controle dos grandes meios de produção, dos meios de comunicação, da educação, das igrejas e tudo o mais que possa ser comprado com dinheiro.

A burguesia só não tem a força e o poder do proletariado. É da organização dessa classe que ela tem medo!
É por isso que ela usa tudo que tem contra esta classe que não tem nada a perder senão as correntes que a prendem. É por isso que nascemos em um mundo onde existem coisas que são porque são e não necessitam muita explicação - ou não querem nos dar!

Voltemos agora à moral. Fazemos as coisas porque é bonito, porque é certo, porque é justo, por que é ético. Deixamos de fazê-las porque é feio, errado, injusto, anti-ético.

Em uma sociedade onde existe um fator, uma coisa, que permite dominar todas as outras, ou quase, e esse fator ou coisa não está nas mãos do proletariado, quem dita as regras?
Quem mesmo diz o que é certo ou errado, justo ou injusto, ético ou anti-ético?

A burguesia!

Sigamos a (i)lógica do dono da bola, que aliás já é uma lógica de propriedade.

Por isso, por exemplo, é injusto o latifundiário (que nem suas terras conhece) ter sua fazenda "invadida" por pessoas que só querem um lugarzinho pra plantar.

Por isso, por exemplo, é justo que latifundiário meta chumbo nos pobres coitados pois tem o direito de proteger a sua propriedade.

E a lei fica do lado de quem? Ha. Ha. Ha.

[...]

Partindo deste raciocínio já dá até pra contestar alguns pensamentos cotidianos que, de tão cotidianos, são tomados como verdade incontestável.

Nossa forma inconsciente de pensar (mais uma das contradições da nossa sociedade) é tão bizarra que merece ser ironizada. Queria me ater a um exemplo que já tratei, rapidamente, neste blog - A moral da praia.

Dita a moral e os "bons" costumes burgueses que é feio andar com "poucas roupas". Na cidade, ninguém tira a roupa na frente de ninguém. Pessoas tremem só pelo fato de pensarem que podem estar sendo vistas trocando de roupa. Uma menina jamais irá trocar de roupa na frente de um rapaz, muito menos andar de langerie pela casa enquanto há visitas. O "nosso tão acreditado" poder judiciário não permite que pessoas entrem de bermuda no Fórum!
Tem gente que até é expulso de faculdade por estar com um vestido "curto"!

E o que vemos na praia!?
É só atravessar a BR que parece que a moral burguesa se esvai! Juízes, promotores, desembargadores (os paladinos da justiça) vão ao mercado de sunga. As meninas recatadas andam de biquini pra lá e pra cá. Provavelmente a maioria das pessoas que xingaram a tal Geyse Arruda de vagabunda e puta por ir pra aula UM DIA com um vestido curto, passaram as FÉRIAS INTEIRAS com trajes certamente muito menores do que o da moça! É possível que a própria Geyse condene alguns procedimentos que na praia são permitidos! É possível que você passe protetor solar na bunda de sua avó a pedido da própria nona!

Ah! Mas na praia pode! Na praia é outra coisa... Ah é!? E por que na cidade não!?

Na praia eu vi meninas irem à igreja com roupas que fariam o impotente Bento XVI ter um orgasmo! E "Deus me livre" ir com uma blusa mais ou menos decotada na missa dominical da cidade!

Na verdade, a moral burguesa não se esvai pelas rodovias que nos levam ao litoral. Somente mostra sua verdadeira face. Tira seu paletó da boa educação e da "elegância" e exibe sem nenhum problema a fisionomia de seu pinto desavergonhado dentro da sunga!

Esse é só um tiquinho (com o perdão do trocadilho) da sociedade burguesa que vivemos.
E é por causa de toda a desigualdade e injustiça que ela causa, por causa de toda a hipocrisia que representa (e etc) que devemos exingui-la!

ABAIXO A MORAL BURGUESA

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